Era o primeiro dia de primavera, a caminho de casa no final do dia saí da auto-estrada, o tempo convidava, segui pela uma nacional entre o Carregado e Arruda. Achei que demasiado urbano e meti por uma camarária (acho eu) até chegar ao alto de um monte entre dois vales típicos da zona.
Apercebi-me de um voo que me acompanhava, segui-o com o olhar e vejo-o poisar adiante no topo de um poste dos telefones, desses que abundam por ai. No meio do descampado a pouco mais de trinta, quarenta metros da estrada. Por aquilo que o meu pai me ensinou era um milhafre e este era imponente.
Não fugiu com o parar do carro, antes pelo contrário deixou-se ficar se calhar a tentar perceber o que dali ia sair. Levei a mão à máquina fotográfica tentando não fazer gestos bruscos e quando já a tinha pronta a disparar ele assusta-se e voa para longe. Na foto fica apenas o registo de uma sombra fugaz, na minha cabeça a imponência da ave. Já em casa procuro num livro antigo uma foto e tento adapta-la ao que vi.
Nunca antes tinha arriscado rabiscar tal coisa.
Mais uma experiência no caminho da aprendizagem constante que é o desenho.