Dores no corpo e garganta, mal-estar geral, “alguma” febre,
mesmo com a garganta a destoar ao fim de dois dias em Angola é sinonimo de ida
á clinica, por isso nada melhor para fazer num sábado do que percorrer metade
da ilha de Luanda a ver os outros na praia e ir fazer uma análise à Malária.
Já depois das 1001 burocracias da praxe sentei-me na sala, à
espera de ser consultado. A um canto uma reprodução de uma obra do Salvador
Dali, a única naquela sala e se calhar no hospital todo.
Uma figura feminina
de costas a olhar a paisagem, onde o pormenor do cabelo era dominante e soberbo,
fiquei longos minutos a olhar aqueles três canudos de cabelo negro a cair pelas
costas reflectindo a luz do sol. Lembrei-me dos complexos “relógios derretidos”
surrealistas em comparação com aquela simplicidade.
Tirei o caderno e tentei rabiscar os canudos de cabelo que
continuavam a fascinar-me, depois a figura da mulher/menina, já depois de visto
pelo médico e de ir para outra sala tirar sangue, de memória acrescentei resto do
casario, os montes ao longe e a cor.
Em casa pesquisei, a obra chama-se “muchacha de espaldas”… e
eu tentei… cheio de “liberdades” tentei rabiscar um Mestre… ele que me desculpe…
Plasmodium falciparum
(Malária) – Negativo, é só uma
amigdalite.